VOU-ME EMBORA PRA BRASÍLIA

Vou-me embora pra Brasília
Pasárgada é tão triste
Lá, Papai Noel existe,
E o dinheiro vem de pilha.

Lá terei na minha cama
Mulheres bem fornidas
Benesses autoconcedidas
Longas férias, muita fama.

Estarei com senadores
Viajarei mais que turista
Pago com dinheiro a vista
Do bolso dos eleitores.

Serei um rei absoluto
Com servos a me abanar
Champanha e caviar
Segurança e usufruto.

Andarei de Limusine
Com chofer e batedor
Trocarei o velho amor
Antes que ele me fascine.

Vou-me embora pra Brasília
De Pasárgada enjoei
Lá sou bem chegado ao rei
A vida é uma maravilha!

A civilização, oh!
Mãe Joana é graduada
Louca de Espanha, nada!
Veio lá do Cafundó.

Montarei quartos-de-milha
Subirei de elevadores
Tomarei banhos de flores
Vou-me embora pra Brasília.

Pasárgada - deu pra bola!
Nada mais cá me desfruta
As bonitas prostitutas
Em Brasília gastam a sola.

Pra Brasília vou-me embora
O processo é bem seguro
E o trabalho não é duro
Tudo lá chega na hora.

E se tão triste eu estiver
Triste tanto de morrer
O rei virá me socorrer
E trará outra mulher.

Lá terei um moto-boy
Pra buscar as encomendas
Alguém pra contar lendas
E enfermeira pro dodói.

Tem Internet banda larga
Celular de graça e mordomias
E se eu quiser orgias
Em Brasília é como praga.

Brasília é só alegria!
O Bandeira está por fora
Vivo se estivesse agora
Pra Pásargada não iria...

Vilmar Daufenbach