Pedra bruta

 
Não sei se o que escrevo é poesia. Sério. Sou muito vadia para as coisas sérias. Se tiver que trabalhar a escrita para ficar bonita, to fora. Agora, se brota eu colho. Semeio fins. Se joio ou trigo não ligo. Lavro. Aro. Arre! Comigo é no grito, no braço, no instinto. Se flui, sorvo. Se estorva, vomito. A mente capta. Às vezes com sente. Noutras só mente. A gramática me poda, mas não mata. Erro sem culpa. Desculpa se ofendo. Vendo os olhos e escrevo. Cega enxergo por dentro. Sentimento não tem acento nem regras. Nasci do pecado. Tem um lugar reservado pra mim, lá nos confortins dos diabos. 
Marilda confortin