Poetrix Pôr do Sol


Pôr do sol

 
Melhor filme de todos os tempos.
É de graça, passa diariamente
e tem gente quem nunca assistiu.

(Tirei essa foto lá na Ilha do Mel)
Acordei com um poema do Manoel Bandeira na cabeça....

ANDORINHA

Andorinha lá fora está dizendo:
- "passei o dia à toa, à toa!"
Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste"
Passei a vida à toa, à toa...

Danilo Avelleda espetáculos teatrais e Cia Máscaras de Teatro apresentam:


Peça dramática com texto de Helena Sut e Danilo Avelleda
e poemas de Marilda Confortin


A porta estava entreaberta, resolvi entrar.... 

Leia a resenha de Anita Fernandes

A porta estava entreaberta, resolvi entrar...”. O comentário espirituoso de um dos expectadores dá início à longa jornada pelo pequeno corredor que leva ao palco. Embebida pelas palavras inconfundíveis de Helena Sut e Marilda Confortin, a platéia acompanha os temores, virtudes e segredos de Dionísio e Pilar.

O cenário é simples e cheio de elementos significativos. Um banco, um envelope lacrado, um livro. Uma árvore sombria cheia de galhos nus que se estendem em direção ao infinito como mãos gélidas de dedos entreabertos suplicando um convite. Conta-me tudo, não me esconda nada. O véu em volta do palco dá uma sensação etérea, quase sonhadora, como se os atores e sua história estivessem na fantasia dos olhos de quem os observa. Uma mulher de passos lentos andando ao seu redor, como quem representa o espectro do desejo não realizado a atormentar todas as almas que respiram.

Sob as luzes de todas as estações, Dionísio e Pilar começam a despir suas fantasias. Pilar revela seu desejo de viver sem traços marcados. Dionísio conta com dor e culpa a morte de sua amada Alma, seu eterno fantasma preferido. Ambos com a dificuldade de ter o corpo nas mãos sem poder segurar a alma, “não me deixe morrer”.

No amor puro de erotismo sutil do casal saltam figuras já muito conhecidas do íntimo de cada um. A angústia, a esperança, a alegria de entristecer em lugares bonitos. O ódio dos planos amorosamente formados e frustrados. O medo e o desejo dolorido de amar, de ser amado. A verdade tão bem escondida em um segredo que nem seu fiel guardião pode ver.

O perfeito casamento do texto de Helena Sut e Danilo Avelleda com os sedutores poemas de Marilda Confortin provoca as ilusões que existem dentro de cada um, levando às mais diversas reflexões e emoções. O mundo é feito de pilares onde Dionísios se entrelaçam. A vida está cheia de alma.

Estamos designados a andar pela vida lançando olhares furtivos às portas entreabertas. Entramos em algumas, encontrando vultos, vozes, luzes, sombras, amores; passamos direto por outras, a necessidade de continuar andando fala mais alto em nossas cabeças. Procuramos nessas portas os desejos mais profundos, que não podemos alcançar. Estamos condenados a mais doce das condenações: fantasiar.

No fim do espetáculo, quando a platéia deixa o teatro ruidosamente, o véu no placo balança ao sabor de uma brisa, suas pontas entreabertas, como que convidando a entrar.


Anita Fernandes




Poesia Dia das mães


Ei você,
que está procurando um poema
que se pareça com sua mãe,
que não é nenhuma santa,
nem uma modelo de capa de revista,
que não é artista
nem grande cozinheira.

Você,
que tem uma mãe
que não é tão companheira,
que não te ama o tempo inteiro,
que não te perdoa sempre,
que não é lá uma brastemp.

Você,
que acha as poesias do dias das mães
"bonitinhas, mas não rima com a minha",
que não sabe o que fazer de almoço,
que adoraria fica dormindo,
como se fosse um domingo qualquer.

Você mulher,
que é mãe e não se identifica
com nenhuma dessas mensagens,
porque não é tão bonita,
nem tão forte,
nem tão divina
quanto as que vendem nos comerciais.

Ei, você!
Relaxa...
Os dias são todos iguais
e a maioria das mães
são normais,
assim como você e eu: mortais

Restrições




Temo pelas
entregas
quando ciúmes
imperam;
bons vinhos
ponderam
ir mais lento
às adegas.

Vilmar Daufenbach

OLHARES




Não me olhes
com esses olhos de melindres
pão de mordaça
farpa de ferpa
arame farpado
desconfiados
vesgos
um pra cada lado
não me olhes
com esses olhos findos
fundos
prometendo sois ao mundo
cuidado
eles traem
e atraem
suicidas
não me olhes
com esses olhos alheios
que procuram atalhos
e se recolhem em infâncias
lilázes
olhos que bóiam
na cerveja caipira
curiosos
furiosos
famintos
fumegantes
olhos que fogem
e tropeçam em esquinas
que me ensinam
onde meu fogo ocorre
olhos que me chovem
e me acendem
não me olhes com esses olhos
de ovo frito estrelado
decididamente
não me olhes
com esses olhos
de cigarro apagado

(CAFÉ CULTURA 06/12/04: Bia de Luna, Marilda, Altair, Juliana, Celita)
poema escrito a 5 mãos num bar numa daquelas noites infernais
A pontuação fica por conta do leitor
Coloque onde quiser
Onde fizer sentido
Se fizer