Música Sem sono


Tem música nova no pedaço. É uma parceria minha com a Ana Sonia Barros, compositora e intérprete. Está gravada no CD "REVOADA", já a venda nas lojas de disco. Confiram o vídeo:




Poesia il dolce far niente

Atendendo a pedidos de colegas que estão para se aposentar e gostaram das minhas quadrinhas definindo o que é o Il dolce far niente, que li no dia da premiação do II Concurso de Poesias RH Criativo, posto aqui na íntegra. 

A imagem, é um quadrinho que minha filha pintou e pendurou na minha varanda. 

Pratiquem, amigos!


IL DOLCE FAR NIENTE
(Marilda Confortin)

O “dolce far niente” é uma arte. Exige disciplina, concentração. Há coisinhas a fazer por toda a parte. É difícil resistir a tentação.

Imagine perder o momento exato do beija-flor pousando no hibisco, só porque você foi lavar um prato ou varrer meia dúzia de ciscos.

Cultivar a prória cebola, salsa, alho, flores, verduras, manjericão...pensa que não dá trabalho? Olhe os calos nas minhas mãos!

Pastorear nuvens que pastam sobre o mar não é pra qualquer Pessoa. Elas dispersam, num piscar. Basta um ventinho à toa.

Não é fácil liberar o pensamento para que voe livre como gaivota. Nem resgatá-lo do mar turbulento quando ele foje explorando nova rota.

Diminuir o peso dos fardos, aumentar a leveza da mente
Adoçar os momentos amargos, é a dieta do dolce far niente.

Encontrar significado nas insignificancias, como Manuel de Barros sempre fez. Resgatar a curiosidade da infância e o olhar de supresa da primeira vez.

Contar as estrelas noite afora, ouvir o que o silêncio tem a dizer, descobrir com quem a lua namora e onde se esconde ao amanhecer.

Ver a aurora deslizando pelo muro, invadindo a casa, sorrateiramente, varrendo todos os cantos escuros, como uma faxineira competente.

Fazer um jantar elaborado num dia qualquer, à esmo. Não para agradar o namorado, mas para agradar a si mesmo.

Ler todo o dicionário impresso só para encontrar uma boa rima e depois, incubar o verso pra ver se nasce uma obra prima.

Ler um autor desconhecido, ver um filme sem indicações, conversar com  um velho amigo sem segundas intenções.

O ponto do dulce far niente é muito difícil de acertar. Depende de cada ingrediente que durante a vida você cultivar.

Saber apreciar esse nepente não é privilégio da aposentadoria. Não se aprende assim, de repente. Há que se praticar um pouco a cada dia. 




Prêmio "Marilda Confortin" de poesia RH CRIATIVO

Pois é... virei prêmio, acreditam?! Isso não acontece frequentemente com poetas vivos. Cheguei a desconfiar que estava morta e não sabia.   
Mas a verdade é, que quase morri de emoção três vezes: Ao saber, pelo cumpadi Danié, que meu nome foi dado ao prêmio do II Concurso RH Criativo, da prefeitura de Curitiba; e ao ler os 120 poemas inscritos e ao entregar o troféu aos classificados. Tudo muito emocionante. Haja coração.
E para ver/ouvir os poemas premiados no lançamento do  livro: https://www.youtube.com/watch?v=DywnPVuOY0s

Posto abaixo algumas fotos da premiação.

Troféu aos classificados

Comissão julgadora


Exposição dos 20 poemas selecionados


Agradecendo a homenagem


Poetas ganhadores do concurso e autoridades municipais


Jantar comemorativo, com roda de viola e poesia

Artista Fúlvio Pacheco, grafitando-me.


VIVA A POESIA, VIVA DANIEL FARIA
 E LONGA VIDA AO RH CRIATIVO  

Teaser do RH Criativo

Prosa Diário de uma leitura


DIÁRIO DE LEITURA DO LIVRO “A ESTÉTICA MÁXIMA”, DO FILÓSOFO E AMIGO  FAUSTO DOS SANTOS

Iniciei a leitura desse livro às vésperas de uma longa viagem para o México. Estava participando pela segunda vez, como representante brasileira, da  XX edição do Encuentro Internacional de Mujeres Poetas em ele País de las Nubes, a convite de Emilio Fuego, o organizador desse intercâmbio entre poetas de todos os continentes. Eu sabia que seria a ultima vez que o veria.  Emílio faleceu pouco tempo depois, vítima de um câncer que o consumia. 

Escolhi com livro de bordo “A Estética Máxima”, do curitibano Fausto dos Santos, porque era o mais fininho dos seus livros. Pensei que fosse fácil. Ledo engano. 
Não, não é um livro de estética facial, emagrecimento, rejuvenescimento nem decoração de ambientes. Fala de Estética no sentido filosófico. Aquilo que se pode aprender pelos sentidos. Fausto é filosofo e poeta.  E vice-versa. E vide versos. E o bicho pegou...

Dia anterior - Arrumando as malas

“da coisa sentida, para o sentido da coisa” – Fausto dos Santos

O carinho do vento excita as palhas da palmeira. Ela bate insistentemente na janela do meu quarto.
Uma pomba rola fez o ninho entre as bainhas das folhas. Os espinhos protegem dois ovinhos. Coincidência...  Está chocando.

Ele abriu uma clareira entre os espinhos,
aninhou-se em meu colo de ouriço,
fecundou-me e partiu. 
Chocou-nos.

Não posso ler esse livro agora! Tudo faz sentido! Tenho que me concentrar na viagem. Viajo amanhã. Vou levar o livro do Fausto para ler no avião. Espero que a rolinha fique bem e meus filhos também.

Insônia. Preciso estar no aeroporto às cinco da madrugada. Já passam das duas e não consigo dormir.

“Aquilo que não nasce conosco é o que de nós permanece” – Fausto dos Santos

Prosa Pequenas dúvidas domésticas em tempos de crise


PEQUENAS DÚVIDAS DOMÉSTICAS

Dá para cultivar dinheiro-em-penca
num potinho de salário mínimo?
Mentiras deslavadas podem ser submetidas
a lavadoras a jato de alta pressão?
Sovar a massa de protesto das ruas
altera o preço do pão?
Nos formulários do Imposto de Renda
onde declaro as perdas e danos
causadas pelo (des)governo?
Como descontaminar um peixe fisgado
usando um corrupto como isca?
Um terninho verde, reformado
e uma bolsa família vermelha, surrada
é um traje social para ir um panelaço?
Um poema sem clima, hostil,
ainda rima com Pátria amada Brasil?



Tercetos de primavera

Fiz um breve curso de fotografia, com a professora Midori. As fotos deviam ser tiradas dos arredores do trabalho, na Secretaria de Educação. Ilustrei algumas minhas, com pequenas poesias.   


















Poesia A veces pienso en la muerte, de Lota Moncada


Estava eu aqui, acometida de uma severa crise de asma, daquelas que matam. Me socorri com uma bombinha e com o coração aos pulos, monossilábica, sussurrei para a dona morte: "hoje não, querida".

E, para distraí-la, liguei o computador, procurei por e-mails que chamassem minha atenção e encontrei esse, da amiga poeta Lota Moncada.

A veces pienso en la muerte
Lota Moncada

Muchas veces pienso en ella.
Hembra de misterio infinito,
fiel y perenne sombra,
intermitente grito,
silencio pleno de
pesadilla y repulsa.


Algunas veces nos miramos.
Aún sin ver nos miramos.
Yo impotente, ensayando
señales, más lejos, más tarde,
fuera, fuera.
Ella sin risa, sin dolor,
sin lágrima, sin paz,
ahora.

¿Pensará en mí también?
¿O apenas, paciente,
aguarda un descuido,
un desisto, un desliz,
un instante cualquiera
marcado quién sabe dónde,
no se sabe cuándo,
por quién sabe quién?

Entonces veré sus ojos.
Andaremos juntas,
desconocidas íntimas,
podré contarle que
muchas veces pensé en ella,
algunas la busqué,
otras tantas la odié,
que somos parecidas y
aunque encogida
me mantuve alerta.

Y ella dirá – tal vez –
con su voz sorda,
no tengo ojos,
ni recuerdos,
no te engañes
ni quieras engañarme,
no puede haber sentimiento
entre nosotras.



Lota, você é foda! Quantas vezes tentamos criar laços com a morte, na esperança de convencê-la a ser "boazinha" conosco... Hoje, teu poema me salvou.

Eu tô tentando fazer amizade...

Varal virtual - poesia paranaense

Fiz esse varal virtual para uma oficina de poesia, já faz algum tempo. Esqueci de compartilhar. Mas agora tá aí pra quem tiver 10 minutos para conhecer um retalhinho de mais de 60 poetas paranaenses. Tomara que gostem.